Experimentando novos rumos: conheƧam o projeto Drone
- UFRJ Nautilus
- Mar 3, 2022
- 5 min read
Updated: Apr 8, 2022
A UFRJ Nautilus, desde sua formação, destacou-se pelos seus projetos no campo de submarinos autÓnomos - os famosos AUVs, muito abordados em nossas postagens -, iniciados a pouco mais de 5 anos. De lÔ para cÔ, foram muitas experiências providas para os membros e conquistas reconhecidas internacionalmente. Não somente por esse crescimento da equipe, mas também por uma ânsia em querer aprender mais, produzir mais tecnologia útil à sociedade e, especialmente, diversificar Ôreas de atuação, a Nautilus, agora, encontra-se na aurora de seu mais novo projeto: o drone.
Ć essencial ressaltar, de antemĆ£o, que o drone nĆ£o Ć© o projeto principal da equipe nesse momento, haja vista que hĆ” um trabalho em andamento em nosso AUV āLuaā.
No que consiste o drone?
Os drones nĆ£o sĆ£o uma novidade no blog: eles jĆ” foram abordados na publicação āRobĆ“s Voadores e RobĆ“s Nadadores: drones e AUVsā. Nessa postagem, vocĆŖ foi introduzido ao conceito de UAV (Unmanned Aerial Vehicle) e de VANT (VeĆculo AĆ©reo NĆ£o Tripulado) e, alĆ©m disso, aprendeu um pouco sobre a história dos drones e sobre o funcionamento de algumas partes, como a bateria, a estrutura e o sistema de controle.
Recordando brevemente, drones sĆ£o veĆculos autĆ“nomos aĆ©reos que visam realizar uma função estipulada, por exemplo: procurar falhas em tanques de armazenamento, em plataformas de petróleo e em navios, como jĆ” dito na postagem supracitada. A utilização desses veĆculos, para variadas aplicaƧƵes, vem aumentando exponencialmente com o passar dos anos. Um famoso exemplo de uso pode ser observado na imagem abaixo, retirada da CerimĆ“nia de Abertura dos Jogos OlĆmpicos de Tóquio, ocorrida a poucos meses atrĆ”s.

Agora, nessa postagem, o objetivo Ć© aprofundĆ”-los um pouco mais no tema, corroborando o intuito da equipe de informar, ao mĆ”ximo, nossos leitores acerca do que estĆ” acontecendo internamente na Nautilus, e apresentĆ”-los ao nosso projeto em especĆfico, revelando o propósito dele e o primeiro modelo idealizado. Ć importante salientar, por fim, que a Ćŗltima tĆ“nica deste artigo Ć© um pouco mais focada na Ć”rea de mecĆ¢nica, a qual sou integrante.
Nossa Ć”rea de desenvolvimento: drones mapeadores de caracterĆsticas geológicas
Como jĆ” mencionado, hĆ” diversas aplicaƧƵes possĆveis para um robĆ“ voador e, por isso, a equipe ficou, inicialmente, dividida quanto Ć decisĆ£o acerca do tópico de desenvolvimento do projeto. As temĆ”ticas sugeridas foram:
Ćreas inundadas - localização de cheias e/ou inundaƧƵes;
Ćreas impactadas pela desertificação - localização;
Mapeamento - caracterização dos aspectos geogrÔficos de uma Ôrea visando o planejamento de ocupação urbana;
Calibração com sensores satelitÔrios - ponte entre o micro e o macro/validação de informações obtidas por satélites.
Em relação aos dois primeiros tópicos, referentes Ć anĆ”lise espacial de situaƧƵes de risco, Ć© certo dizer que essa tecnologia jĆ” vem sendo aplicada, brandamente, no Brasil. A utilização desses tipos de drone Ć© extremamente importante para adquirir dados que antes eram tidos como imperceptĆveis e para identificar situaƧƵes possivelmente preocupantes. Dessa forma, profissionais, como biólogos e engenheiros ambientais, podem elaborar, de maneira mais eficaz, um planejamento de manejo ambiental atrelado tanto a um ideal de preservação e de sustentabilidade, quanto a uma concepção de rentabilidade econĆ“mica.
Conforme jĆ” aludido, essa tecnologia jĆ” estĆ” sendo aplicada aqui em nosso território nacional e uma das empresas que utiliza dessa inovação Ć© a CPRM. TambĆ©m conhecida como ServiƧo Geológico do Brasil, a CPRM Ć© uma empresa pĆŗblica vinculada ao MinistĆ©rio de Minas e Energia (MME) e disponibiliza, por meio do SACE - Sistema de Alerta de Eventos CrĆticos -, informaƧƵes sobre diversos rios do paĆs, como a Bacia do Rio Amazonas e a Bacia do Rio Xingu. Logo abaixo, pode ser observado, primeiramente, o drone utilizado pela empresa e, posteriormente, o SACE emitido em 24/08/2021 Ć s 18:39.


Outra aplicação para o drone pensada para a Nautilus foi a de calibração com sensores satelitĆ”rios. Ć certo que os satĆ©lites sĆ£o amplamente utilizados na atualidade: nĆ£o somente para o GPS, mas tambĆ©m para o sensoriamento remoto, tĆ©cnica que vem crescendo bastante a partir de um maior desenvolvimento tecnológico na Ć”rea. Para o sensoriamento remoto, em especĆfico, Ć© de extrema vantagem a utilização de um VANT para validar as informaƧƵes coletadas pelo satĆ©lite.
Sendo assim, o drone, com essa aplicação, seria sobposto ao satĆ©lite e captaria imagens, na forma de mosaicos, de modo mais nĆtido. O drone seria fundamental nesse processo por sua maior capacidade - quando comparado ao satĆ©lite - de reconhecimento de padrƵes. A seguinte figura ilustra o procedimento explicado.

Enfim, chegamos ao Ćŗltimo, e mais importante, item a ser abordado: mapeamento de aspectos geogrĆ”ficos de uma Ć”rea visando a ocupação urbana. Esse propósito, como jĆ” dito no subtĆtulo, foi o escolhido para ser desenvolvido pela nossa equipe.
Os drones para mapeamento nĆ£o se diferem muito dos outros jĆ” discutidos quanto aos quesitos estrutural e tecnológico. No entanto, sua função Ć© diferente: o drone a ser produzido pela Nautilus terĆ” a importĆ¢ncia de prover, para os responsĆ”veis pelo projeto da infraestrutura da Ć”rea urbana, o sĆtio urbano do local. SĆtio urbano Ć© um conceito geogrĆ”fico relativo Ć localização topogrĆ”fica do local, isto Ć©, como Ć© distribuĆda a elevação do espaƧo em relação ao nĆvel do mar. Essa informação Ć© essencial para a disposição das construƧƵes na cidade, visando o mĆ”ximo aproveitamento do território.
AlĆ©m disso, o drone tambĆ©m pode auxiliar na gestĆ£o urbana de uma cidade, ajudando na visualização de possĆveis pontos de melhoria. A foto abaixo ilustra a explicação cedida:

Visando tanto à estética, quanto à aerodinâmica
Com a função jĆ” definida, coube aos integrantes de MecĆ¢nica da equipe idealizar e apresentar possĆveis modelagens do corpo do drone. Os designs foram feitos considerando tanto aspectos tĆ©cnicos, como aerodinamicidade e escolha dos materiais, quanto estĆ©ticos.
Referente às questões técnicas, a modelagem aerodinâmica refere-se à maior capacidade de um corpo de minorar os efeitos da resistência do ar e, por isso, é essencial para a eficÔcia do robÓ. Não adianta ter a bateria mais potente ou os algoritmos mais perfeitos se o corpo não é projetado para render tudo aquilo que pode render. Portanto, elaborou-se um drone no qual seu centro de gravidade (CG) - isto é, ponto da resultante da força peso - estivesse coincidente ao seu centro de pressão (CP) - isto é, ponto da resultante das forças de resistência do ar. Para isso ser obtido, o objeto teve que apresentar modelagem simétrica, conforme à imagem abaixo:

A partir dessa imagem, é de grande valia pontuar que os 6 braços ilustrados são modulares, isto é, podem se soltar e encaixar novamente com facilidade. Esse parâmetro deve ser considerado no momento de concepção do projeto pois é importante que o drone seja portÔtil.
Quanto Ć escolha dos materiais, o polĆmero PPS (Sulfeto de Polifenileno) Ć© o mais cotado para ser o principal integrante do corpo. AlĆ©m da quase nula absorção de umidade e da grande resistĆŖncia quĆmica, o polĆmero possui elevado desempenho em altas temperaturas e ótimos parĆ¢metros de resistĆŖncia mecĆ¢nica, propriedade mais importante para os materiais estruturais.
Por fim, alĆ©m desses quesitos, o fator aparĆŖncia foi tratado com certa relevĆ¢ncia, haja vista que a estĆ©tica atrai patrocinadores e proporciona uma valorização para a equipe, no geral. A Nautilus tem a ācaraā do que produz e, se o que produzimos nos satisfaz, ou seja, se todos conseguem enxergar seu trabalho no produto final de forma orgulhosa, significa que sucedemos em nossa missĆ£o. Por essa razĆ£o, a face do drone deve ser equivalente Ć do grupo, como um todo: o drone deve ter a ācaraā da Nautilus.
Escrito por Bruno Ignez